Wilders apresentou a acusação alegando que Timmermans incitou atos criminosos, de acordo com uma cópia do discurso que o seu advogado enviou ao Ministério Público na segunda-feira. Wilders foi representado por Herman Loonstein, advogado baseado em Amsterdam. Wilders já tinha anunciado na noite de sábado de que iria prestar queixa, mas disse que queria primeiro consultar o seu advogado.

O líder da extrema direita referiu-se a uma citação específica no discurso de Timmermans. “Gente, o nosso trabalho é claro. Faremos de tudo para impedir que Wilders chegue ao poder neste país.”

Ao apresentar a queixa, Loonstein dissecou a formulação neerlandesa escolhida por Timmermans para sugerir que o que disse era explicito aos seus apoiantes para não agirem apenas dentro dos limites da lei (Wij zullen niets nalaten om te voorkomen). Loonstein argumentou que Timmermans disse implicitamente que "qualquer coisa pode e será usada" para deter Wilders. Como tal, isso “também inclui qualquer crime”.

Ele também argumentou que a queixa pode envolver um apelo à violência, mas não tem necessariamente de ser um pedido literal à violência. Também pode ser feito de forma indireta ou mais implícita, e Timmermans “pelo menos” fez o último, afirmou o relatório.

Para complicar a situação, a cópia avançada do discurso de Timmermans que foi dada aos jornalistas usava as palavras "niet nalaten", enquanto Timmermans na verdade disse "niets nalaten". Foi dito que isso foi um erro tipográfico. Onde Timmermans disse: "Não nos deteremos diante de nada para...", o texto impresso traduz-se melhor como: "Faremos de tudo para impedir que Wilders chegue ao poder neste país".

No final das contas, não importa qual das duas frases Timmermans disse, segundo Wilders e seu advogado. A intenção e o apelo de Timmermans permanecem os mesmos, “nomeadamente, não se abster de fazer quaisquer esforços para impedir a chegada de Wilders ao poder”.

O advogado afirmou que o líder do GroenLinks-PvdA assumiu um risco com uma declaração que poderia incitar as pessoas a cometerem crimes. Referiu-se a outro político populista, Pim Fortuyn, que foi assassinado em 2002 por alguém que se oponha às suas ideias depois de Fortuyn ter sido repetidamente criticado por políticos

Além disso, Timmermans está ciente de que Wilders está sob uma segurança apertada há 20 anos porque há pessoas que querem agir de forma violenta e contra a sua vida, afirmou Loonstein. O advogado destacou ainda o que o próprio Timmermans disse em Vrij Nederland que um político deve ter muito cuidado com as suas palavras devido ao poder e ao efeito que podem ter sobre os outros.

O próprio Timmermans negou imediatamente a acusação na manhã de domingo através da plataforma social X. Ele destacou que os seus meios de luta "são sempre parlamentares e nada mais. Rejeito qualquer outra sugestão". Ao mesmo tempo, o líder do GroenLinks-PvdA indicou que o líder do PVV tem por hábito atacar imediatamente quando é alvo de críticas, sem qualquer aceitação da opinião contrária.

Imagem de Roel Wijnants via Flickr