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Protestos Pró-Palestina E Violência No Campus Universidade De Amsterdam

Protestos Pró-Palestina E Violência No Campus Universidade De Amsterdam

07-05-2024

Um grupo de manifestantes pró-palestina montou um acampamento de protesto na Roeterseiland, em pleno Campus da Universidade de Amsterdam (UvA), na segunda-feira.

 Os manifestantes apelaram à UvA, à Vrije Universiteit (VU) e à Amsterdam University College (AUC) para cortarem laços com instituições académicas em Israel.

Muitas das dezenas de manifestantes no local usaram algo para cobrir o rosto. Não eram necessariamente estudantes de nenhuma das três universidades de investigação da capital. "Não precisa ser estudante - todos são bem-vindos na nossa universidade libertada!" escreveram os manifestantes num comunicado nas redes sociais.

A Universidade de Amsterdam disse à agência de notícias ANP que considerava a possibilidade de apresentar queixa contra os manifestantes. A instituição de ensino esperava apenas saber, com certeza, se os manifestantes planeavam passar a noite nas dependências da propriedade da UvA. Enquanto os manifestantes barricavam duas pequenas pontes que levavam ao acampamento, as pessoas ainda puderam caminhar pelo Campus Roeterseiland.

Vamos ocupar e manter a linha contra qualquer tentativa de despejo. Precisamos de mobilização em massa e de muito apoio!” escreveram os manifestantes. “Não ficaremos aqui acampados só por dois dias ou isso”, disse um organizador à ANP.

Todos os estudantes, funcionários e humanos estão convidados a juntar-se a nós agora, enquanto mostramos à UvA, VU e AUC que não há negócios quando um genocídio está em curso”, escreveu a Palestine Action Netherlands num comunicado. Eles emitiram um ultimato exigindo que as três universidades divulgassem totalmente as suas relações académicas em Israel e os laços com as empresas que operam nesse país.

Eles também querem que a UvA, VU e AUC cortem relações com instituições israelitas que possam estar ligadas aos colonatos israelitas ou à violência nos territórios palestinianos. Os manifestantes também exigiram que as universidades retirem os apoios financeiros a empresas israelitas e multinacionais que lucram direta ou indiretamente com a agressão na região.

Outro grupo, a Free Palestine da UA, também indicou que a Universidade de Amsterdam trabalha com a Universidade Ben-Gurion, a Universidade Hebraica de Jerusalém e a Universidade de Tel Aviv. Alegou que essas três instituições israelitas trabalham com a empresa de construção do governo israelita, Elbit Systems. Criticou também a Vrije Universiteit pela sua ligação ao vasto Programa Horizonte 2020 da União Europeia, que é responsável pela distribuição de 95 mil milhões de euros em bolsas de investigação em toda a UE sobre uma ampla variedade de assuntos. O Programa Horizonte 2020 também supostamente financiou projetos da Elbit Systems.

Ambas as organizações estiveram representadas na manifestação. Os manifestantes disseram que estavam “a ocupar este Campus em solidariedade com o povo da Palestina” e expressaram admiração por protestos universitários semelhantes nos Estados Unidos desde abril, que também já se estenderam a outros países europeus.

  "Esta escalada é o resultado de sete meses de protestos pacíficos contra os laços das nossas universidades com as instituições israelitas, durante os quais as universidades optaram por sancionar e prender os seus próprios estudantes em vez de condenar o genocídio do povo palestiniano e acabar com a sua cumplicidade com os sionistas, um autêntico regime do apartheid".

Violência Irrompe

Ao inicio da noite, cerca de dez homens procuraram um confronto com os manifestantes no protesto da UvA. Os homens surgiram do nada e começaram a agredir os manifestantes, lançando fogos de artifício e outros engenhos pirotécnicos contra eles.

Segundo um repórter presente no local, os motivos do grupo, muito agressivo, não foram claros. Um deles usava um capacete integral e os rostos dos demais eram visíveis. Após cerca de dez minutos, os homens foram expulsos da área pelos manifestantes.

Já fora da área ocupada, pessoas com demonstrações de apoio a Israel, como a bandeira do país, também procuraram o confronto com os manifestantes. Imagens nas redes sociais mostraram alguns deles a ser também agredidos.

"A polícia está a investigar os incidentes", disse um porta-voz. Ninguém foi ainda detido. Foi dito que o grupo "entrou furtivamente" durante a ocupação. Não há registo de feridos no primeiro incidente.

Não muito depois, a burgomestre de Amsterdam, Femke Halsema, também compareceu ao protesto. Não se sabe o que levou à sua decisão. Ela não entrou no local, mas ficou numa das entradas barricadas pelos manifestantes.

As autoridades apelaram para se manterem afastadas do protesto pró-Palestina no Campus de Roeterseiland, o que pareceu ter tido o efeito contrário e atrair ainda mais apoiantes, contra-manifestantes e espetadores. Alguns dos manifestantes deixaram a área barricada por volta das 22h30.

A polícia informou igualmente que se mantiveram em contacto com os manifestantes, alguns dos quais montaram tendas e abrigos para passar a noite. Um porta-voz da universidade disse que devido ao tamanho do protesto, o município estava em negociação com os manifestantes. O porta-voz repetiu que a universidade não queria que os manifestantes nos seus terrenos durante a noite.

Algumas centenas de pessoas estiveram presentes no protesto pró-Palestina e dezenas de funcionários universitários também aderiram à manifestação.

Intervenção Da Polícia

A universidade publicou um comunicado a descrever as suas atividades em Israel, conforme exigido pelos manifestantes. A UvA disse que opera intercâmbios de estudantes com a Universidade de Tel Aviv, a Universidade Hebraica de Jerusalém e a Universidade Ben Gurion, mas nenhum intercâmbio está a ocorrer atualmente devido ao desaconselho de viagens para Israel.

Além disso, revelou a universidade, trabalham em oito projetos de investigação europeus que envolvem investigadores ou empresas israelitas.

O ministro da Educação, Robbert Dijkgraaf, emitiu um breve comunicado na manhã de terça-feira, dizendo que lamentava o fato de a polícia ter sido forçada a intervir.

“As universidades são locais proeminentes de debate e diálogo. Podemos expressar as nossas opiniões e emoções, mas faça isso de uma forma que seja segura para todos e que todos se sintam seguros.”

Era já madrugada quando o Corpo de Intervenção da polícia foi convocado para terminar a manifestação de ativistas pró-Palestina, tendo detido 125 pessoas que se recusaram a deixar o local.

Num eco de protestos semelhantes aos dos EUA e Reino Unido, a polícia, o Ministério Público e a Câmara Municipal decidiram desmantelar o acampamento depois da universidade ter pedido várias vezes aos manifestantes que se retirassem.

Segundo a emissora NOS, a polícia começou a atuar por volta das 3h, tendo atuado até às 4h30. A polícia usou inclusive uma retro-escavadora para destruir as barricadas erguidas pelos manifestantes com paletes, bicicletas e outros objetos.

Imagem de Politie Amsterdam

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