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Os especialistas já esperavam que os Países Baixos tivessem de enfrentar novamente o sarampo, como acontece agora em Eindhoven. O Radboudumc em Nijmegen emitiu um alerta no início da semana.
“Os hospitais neerlandeses esperam atualmente um possível surto de sarampo. Os especialistas não se interrogam se haverá surto, mas sim quando”, informou o hospital universitário na sua página.
O serviço de saúde pública GGD, na área de Brabant-Zuidoost, relacionou imediatamente o aparecimento de casos com a queda nas taxas de vacinação, que é uma tendência nacional há vários anos. No Verão passado, o Instituto Nacional de Saúde Pública e Ambiente (RIVM) alertou que a percentagem de crianças que recebe as vacinas do Programa Nacional de Vacinação (RVP) não chegam aos 90%.
Isto é preocupante para o RIVM, uma vez que o sarampo pode ter consequências graves e também pode levar à morte em raras ocasiões. “Uma elevada taxa de vacinação é essencial para proteger as pessoas contra doenças graves e para prevenir surtos destas doenças.”
O sarampo e a tosse convulsa são doenças muito contagiosas e que são “uma espécie de alerta”, disse a infecionista e imunologista, Marien de Jonge, na mensagem do Radboudumc. “Um aumento significativo destas doenças aparecem quando as taxas de vacinação caem.” A tosse convulsa também tem sido prevalente nos Países Baixos nos últimos meses e que já foi associada à morte de quatro bebés já este ano, um número anormalmente elevado nesta altura de Março, segundo o RIVM.
A questão é qual será a dimensão do surto em Eindhoven e arredores. O GGD recebeu 15 relatos, que dizem respeito principalmente a crianças que foram infetadas. Eles não estavam todos vacinados. Resta saber até que ponto a doença que causa o sarampo se vai espalhar.
Grandes surtos ocorrem uma vez a cada 10 a 15 anos. A última vez que isto aconteceu na Holanda foi em 2013. O investigador de sarampo do Erasmus MC, Rory de Vries, disse ao AD na semana passada que esperava um surto no país.
Segundo estatísticas do GGD e RIVM, a taxa de vacinação em Brabant-Zuidoost está um pouco acima da média nacional. As percentagens são mais baixas na cidade de Eindhoven. Cerca de 88,1 por cento dos bebés nascidos em 2020 receberam a vacina combinada contra papeira, sarampo e rubéola. Esta é uma percentagem mais elevada do que em Amsterdam, Rotterdam e Den Haag. O município de Den Haag partilhou na quinta-feira que está preocupado com o declínio das taxas de vacinação. As taxas estão abaixo de 75% em algumas áreas. Deve ser de pelo menos 95% para descartar um surto de sarampo.
Os médicos, e não o governo, deveriam ser responsáveis por alertar as pessoas contra o sarampo e convencê-las a vacinar os seus filhos, disse o secretário de Estado da Saúde, Bem-Estar e Desporto, Maarten van Ooijen. Ele acha que as pessoas serão mais recetivas às informações das “batas brancas”, acrescentou o ministro. “Todo o resto é, na melhor das hipóteses, supérfluo e, na pior, contraproducente”.
O secretário de Estado manifestou preocupação pelo facto de o número de infeções por sarampo ter aumentado nos últimos anos e de as taxas de vacinação estarem a diminuir. “Precisamos usar tudo ao nosso alcance para melhorar as taxas de vacinação.”
Os médicos podem ter mais sucesso em convencer as pessoas mais céticas em relação às vacinas do que uma campanha governamental, por exemplo, disse Van Ooijen, que afirma que a pandemia do coronavírus provou isso. Naquela altura, espalhou-se “desinformação” sobre vacinas, que ainda está em curso e que “realmente precisa ser suprimida”, segundo o secretário de Estado.
Alguns pediatras e outros especialistas manifestaram-se a favor da ideia de permitir a entrada em creches apenas a crianças vacinadas contra o sarampo. O secretário de Estado acredita que tal medida poderia ser má ideia, pois os pais mais céticos sobre a vacinação tornar-se-iam ainda mais desconfiados. “E o que precisamos fazer é confiar”, disse Van Ooijen. Ele acrescentou que a escolha da vacinação deve caber aos pais.
“O surto de sarampo em Eindhoven é um exemplo das terríveis consequências do facto de as pessoas já não serem vacinadas”, afirmou a Federação Neerlandesa de Pacientes. A organização está preocupada com a tendência decrescente nas taxas de vacinação. A vacinação é essencial para evitar a necessidade de cuidados médicos, afirmou a federação.
“É por isso que queremos voltar a falar da importância das vacinações”.
Imagem de CANVA