Empresas russas conseguem importar peças de reposição para manter essas máquinas em funcionamento por meio de intermediários, principalmente na China, escreveu o jornal. A notícia chega num momento difícil para a ASML, já que os Estados Unidos estão a pressionar a introdução de limites para exportações de alta tecnologia para a China.

A Nieuwsuur ja tinha relatado que micro chips de fabrico neerlandês apareciam em mísseis, helicópteros e drones russos usados ​​para atacar a Ucrânia. A Trouw descobriu agora uma das formas pelas quais eles chegaram lá.

Não se sabe ao certo quantas máquinas ASML a Rússia tem. A empresa sediada em Veldhoven, perto de Eidhoven, esclarece que cumpre com todas as sanções aplicáveis ​​e não envia nada para a Rússia há vários anos.

De acordo com a Trouw, dados alfandegários mostram que pelo menos 170 peças de reposição para máquinas ASML entraram na Rússia desde o início da guerra na Ucrânia. As importações são possíveis porque nem todas as empresas russas estão nas listas de sanções e podem assim obter as peças por meio de intermediários estrangeiros. Essas são principalmente empresas na China, mas o jornal também encontrou uma empresa sérvia, a MCI Trading, com exportação para uma empresa russa, a AK Mikrotech.

O diretor da MCI Trading, Ivan Cvetic, disse à Trouw que a sua empresa não fez nada de ilegal. Ele negou ter exportado equipamentos da ASML e negou ter feito negócios com a AK Mikrotekh. Ele explica os dados da alfândega especulando que partes desconhecidas se fizeram passar pela empresa.

De acordo com o jornal, o equipamento ASML em posse russa data do final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Muitas das máquinas vêm do mercado de segunda mão, já que outras empresas vendem as suas máquinas ASML antigas quando as substituem por novas.

Essas máquinas antigas não conseguem fazer chips avançados. Mas os especialistas continuam preocupados já que os chips relativamente simples também podem ser usados para a produção de material de guerra. Defende-se assim uma supervisão mais rigorosa dos mercados de segunda mão.

Na semana passada, a Bloomberg informou que o governo neerlandês planeia restringir ainda mais as exportações da ASML para a China ao não renovar certas licenças de exportação da empresa quando elas expirarem no final deste ano. Elas envolvem licenças para manutenção e fornecimento de peças de reposição para a segunda geração mais moderna de máquinas de chip na China.

O CEO da ASML, Christophe Fouquet, criticou a campanha liderada pelos EUA para restringir as suas exportações para a China, dizendo que ela se tornou "economicamente motivada" ao longo do tempo. Falando numa conferência do Citi em Nova York, Fouquet disse que espera que a resistência às restrições impostas pelos EUA aumente. "Acho que se está a tornar cada vez mais difícil alegar que isso é sobre segurança nacional", disse Fouquet, segundo a ANP.

Imagem de Cristian Ibarra por Pixabay