Isso não foi bem recebido pelo líder do PVV, Geert Wilders. Uma maioria parlamentar deu espaço ao Governo para a possibilidade de um lugar nas "negociações de paz" da UE e Ucrânia com os EUA e Rússia.

A líder do VVD, Dilan Yeşilgöz, perguntou como vê o Governo a próxima cimeira NATO em Den Haag, onde aumentar o padrão da Aliança para 5% do PIB é um dos pontos mais importantes da agenda. Os liberais estão positivos sobre um aumento do padrão, que atualmente é de 2% do PIB gasto em Defesa. Um aumento está na mesa porque os americanos assim o exigem, mas também por causa da ameaça russa ao continente europeu.

“Isso não pode ser algo entre vós e o VVD sozinhos”, respondeu Wilders. Ele só acorda gastar mais dinheiro em Defesa se também houver dinheiro para beneficio dos cidadãos, como rendas mais baixas, IVA mais baixo em produtos de primeira necessidade e contas de energia mais acessíveis, reiterando os pedidos do PVV para a atualização do orçamento na Primavera. Wilders quer que o Governo “distribua as ambições igualmente pela sociedade”.

Schoof disse que não prometeu nada, mas ressaltou que há uma pressão imensa dos EUA e da NATO para definir um padrão mais alto. “Realmente teremos que encarar esse assunto.” Um padrão mais alto também é do interesse da segurança dos Países Baixos e na Europa, disse. Mais dinheiro para defesa implicará “escolhas difíceis”.

Schoof disse que sente o “espaço e a confiança” do parlamento para falar com parceiros europeus sobre uma paz duradoura na Ucrânia. Embora tenha chamado a atenção que não tomaria nenhuma decisão sem envolver os representantes dos eleitores.

Schoof não quer descartar nada, incluindo uma eventual participação neerlandesa numa força militar que deverá manter a paz na Ucrânia. Wilders também é veementemente contra o envio de militares. De acordo com Schoof, os Países Baixos “também devem ser capazes de trazer algo para a mesa de negociações”. É importante que a Ucrânia receba apoio total no próximo período e que a pressão sobre a Rússia permaneça alta.

Os Países Baixos devem lidar com uma "nova realidade", disse o primeiro-ministro. O governo americano quer acabar com a guerra rapidamente e quer que a Europa pague a fatura em Defesa. Segundo ele, continua a ser de importância "crucial" que os Estados Unidos e a Europa continuem a trabalhar juntos. Caso contrário, a Europa ficará "desprotegida".

O Governo assume que as negociações resultarão numa "paz duradoura", disse Schoof. Mas a Defesa ainda precisa de ser fortalecida porque, segundo ele, a ameaça russa simplesmente não vai desaparecer.

O Primeiro-Ministro analisa agora se o Governo precisa reservar mais fundos para a Ucrânia. Schoof acrescentou que há dinheiro suficiente para a Ucrânia por enquanto, se uma ação rápida for necessária. Os orçamentos da Ucrânia para 2025 ainda estão “amplamente disponíveis” e podem ser usados ​​“a qualquer momento”, disse ele. “E não se trata de pouco dinheiro.” É por isso que o Governo não se quer apressar para disponibilizar fundos adicionais.

Laurens Dassen do Volt acredita que o Primeiro-Ministro deve decidir reservar mais dinheiro muito antes. “Os sinais seguidos, um após o outro, que recebemos dessas negociações é chocante”, disse o líder do partido, referindo-se às conversas entre os EUA e a Rússia sobre a guerra na Ucrânia. “É preciso agir agora."

Até agora, a Holanda forneceu aproximadamente 6 mil milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia. Envolve um pacote diversificado que consiste em F-16s, munições, pacotes médicos e tanques, entre outras coisas. O Ministro Ruben Brekelmans da Defesa diz que 5 mil milhões de euros em dinheiro reservado ainda não foram gastos, mas que há planos delineados para isso. O Ministro do VVD disse que mais dinheiro será necessário "se quisermos permanecer no mesmo nível para 2026 e além".

Frans Timmermans (GroenLinks-PvdA) e Dilan Yeşilgöz (VVD) apresentaram uma moção na qual solicitaram mais dinheiro para a Ucrânia. Parecia haver apoio suficiente no parlamento para a moção durante o debate. Timmermans acha as notícias sobre as negociações entre a Rússia e os Estados Unidos perturbadores. Eles apenas aumentam a urgência de apoio ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, disse Timmermans. "Quanto mais forte ele for, quanto mais recursos ele tiver, mais forte ele poderá opor-se à agressão russa."

Imagem de Reuters