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A terceira coletividade portuguesa a encerrar portas após o período de pandemia nos Países Baixos. Um encerramento para muitos já esperado, mas que deixa mesmo assim um vazio na comunidade.
Fundado em maio de 1968, a comunidade portuguesa nos Países Baixos ganhava, no que se viria a tornar um dos seus principais locais de atividade, o Centro Português de Roterdão. Em maio de 2024, após 56 de história e de atividade, perde-se mais uma associação portuguesa na Holanda com o encerramento compulsivo das suas instalações.
No número 76 da s'Gravendijkwal em Rotterdam, éramos recebidos com a bandeira de Portugal sob a nossa cabeça. No rés do chão, a zona de restauração e de convívio onde portugueses e outras nacionalidades de língua portuguesa, conversavam e viam os jogos da seleção nacional de futebol sob o olhar atento de um busto de Luís de Camões. No Verão, era possível usufruir duma área exterior. Logo acima no primeiro andar, um salão de medidas agradáveis dava palco a eventos, espetáculos e festas. Nos andares superiores, várias salas à disposição dos sócios e da comunidade.
Com algumas das dificuldades já presentes, surge em janeiro de 2020 a pandemia covid-19. Com limitados apoios à sua disposição e o encerramento da sua atividade de restauração, um dos principais rendimentos da coletividade, os problemas foram-se acumulando. Em maio de 2022, altura em que as medidas contra a covid-19 na Holanda foram retiradas, a coletividade acumulava várias dividas de milhares de euros.
Segundo alguns sócios e antigos clientes, a perda de algumas das suas licenças para operar também ajudaram na acumulação de problemas e dificuldades.
Sendo o edifício propriedade do Município de Rotterdam, ainda se foram tentando soluções, mas que se revelarem não surtir os efeitos pretendidos. Um período mais conturbado na Direção do Centro, com sucessivas mudanças de membros e perda de sócios, o Município de Rotterdam acaba por vender o edifício a um investimento imobiliário que deu agora ordem de despejo. Vários sócios acusam a Direção de má gestão e de não terem permitido inscrição de novos sócios ou a entrada de membros para a Direção numa tentativa de salvar o Centro.
Ainda sem uma resposta ao nosso contacto com a atual direção, vários sócios mostraram-se disponíveis para recolher e salvaguardar o espólio associativo e histórico do Centro Português de Roterdão. Várias tentativas de ajuda foram propostas sem que a sua Direção mostrasse abertura ou resposta. Perdem-se assim décadas de história e coletividade portuguesa em Rotterdam e Países Baixos.
Coloca-se agora o ponto de interrogação no domínio jurídico do Centro Português de Rotterdam, mas com a perda do seu principal rendimento, da sua sede, da perda de sócios e com dívidas por saldar, espera-se que também esta associação seja encerrada juridicamente e de forma definitiva.
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