A Tweede Kamer, a Câmara dos Deputados do Parlamento neerlandês, tinha dois dias reservados para o debate do Orçamento de Estado, o mais importante plenário do país. E como de costume, o governo tem de enfrentar os partidos de oposição. Mas o governo liderado por Schoof também tem que se preocupar com a unidade da coligação.

O primeiro debate parlamentar do Primeiro Ministro Dick Schoof sobre a declaração do governo pouco antes do recesso de verão se transformou num problema considerável. Entre acusações de racismo da oposição, o líder do PVV Geert Wilders atacou Schoof que o colocou numa posição difícil com as publicações na plataforma X.

A Coligação

O próprio governo entrou neste debate com os partidos da coligação em aberto desacordo sobre um tema importante - migração e refugiados. Todos os quatro partidos querem reduzir drasticamente o número de requerentes de asilo que procuram a segurança na Holanda, mas o NSC tem sérias reservas sobre a intenção de declarar uma crise de asilo.

A discussão sobre asilo e refugiados e o recente pedido à União Europeia para isentar os Países Baixos de receber mais refugiados, fizeram suspender o debate de todos os outros temas do orçamento.

A líder interina do NSC, Nicolien van Vroonhoven, que está a substituir Pieter Omtzigt enquanto ele está de baixa médica, anunciou que só apoiaria a declaração de uma crise de asilo se o Conselho de Estado achasse que é uma boa ideia. Isso irritou seriamente Wilders e a líder do VVD, Dilan Yeşilgöz.

A líder do VVD disse que o seu partido "não vai especular sobre o que não poderia acontecer", de acordo com os serviços noticiosos da NOS. E Wilders alertou o NSC para "pensar cuidadosamente" sobre os seus próximos passos. "A Holanda tem uma enorme crise de asilo, e ela não será resolvida pelo NSC a fugir antecipadamente e ameaçando com um voto contra."

A Oposição

O asilo será definitivamente um grande tópico de discussão no debate, mas os partidos de oposição também têm outras preocupações. O líder do GroenLinks-PvdA, Frans Timmermans, acha que os planos de combate à pobreza do governo são deficientes, para não dizer inexistentes, e é muito crítico em relação aos cortes na educação. Ele fala de “um Governo principalmente para os ricos”.

O D66 também tem um grande problema com os cortes no orçamento na educação e quer descartar planos para aumentar o IVA na arte, cultura e desporto. O líder do SP, Jimmy Dijk, também quer mais para combater a pobreza e menos para a comunidade empresarial e pessoas com grandes contas bancárias.

O líder do CDA, Henri Bontenbal, acha que o Governo está “a fazer uma reivindicação muito grande sobre o futuro” e acredita que muitos dos seus objetivos serão difíceis, se não impossíveis, de atingir. O CDA e a ChristenUnie são contra a abolição do período de serviço social. O PvdD acha que o Governo está a evitar fazer escolhas difíceis na política de agricultura. E o DENK preocupa-se que o Governo não dê prioridade à igualdade na sociedade.

A oposição entra no debate de punho cerrado. Pouco antes de o governo apresentar o seu orçamento, todos os três escritórios de planeamento da Holanda divulgaram uma declaração conjunta criticando o Governo e o foco dado no aqui e agora, sem considerar as consequências para o futuro com seus planos imediatos.

Imagem de Tweede Kamer