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Após anos de folias cada vez maiores e serviços de emergência sobrecarregados, a burgomestre Femke Halsema quer mudar fundamentalmente o Dia do Rei.
Até 2026, a celebração deverá ser mais administrável, com limites claros dentro do centro da cidade. Visitantes de fora de Amsterdam continuarão a ser bem-vindos, "mas em menor escala".
O Koningsdag, como é conhecido no país, está num ponto crítico. A burgomestre Femke Halsema acredita que a enorme festa no centro da cidade deixou de ser sustentável. Numa carta ao concelho, ela descreve um novo plano de ação baseado numa extensa pesquisa sobre multidões, segurança e comportamento.
A essência da sua mensagem: "No momento, o Dia do Rei nem sempre é seguro, nem sempre festivo e nem sempre tem o ambiente típico de Amsterdam; isso precisa mudar." Essa conclusão surge após meses de pesquisa, intensificada depois do debate no concelho municipal em junho, no qual o serviço de emergências alertou para situações incontroláveis.
O estudo revela o quanto o Dia de Rei mudou. O que antes era uma celebração local e descontraída transformou-se, em algumas partes do centro da cidade, "num festival ao ar livre de grande escala, nem sempre regulamentado e difícil de gerir". A combinação de multidões excessivas, abuso de álcool, abuso de drogas e dificuldade de acesso aos serviços de emergência é particularmente preocupante.
Centro Sob Pressão
A pesquisa da R2 Research revela o apelo da cidade. Quase metade dos visitantes de fora de Amsterdam comemora o Dia do Rei no centro da capital, em comparação com 35% dos residentes da cidade. Esse fluxo de visitantes de fora da cidade aumenta a pressão sobre as ruas, praças e canais.
Essas multidões são cada vez mais vistas e quantificadas como inseguras. Mais da metade dos visitantes afirma que o consumo de álcool e drogas aumentou nos últimos anos. O índice de segurança percebida, de 6,8, é significativamente menor do que em eventos gratuitos de grande porte comparáveis.
Para os jovens, o centro da cidade é quase automaticamente o lugar para se estar. Em conversas em grupo, eles indicam que é ali que se vive a verdadeira experiência do Dia do Rei: tudo está a uma curta distância a pé, há algo a acontecer em todos os lugares e quem chega atrasado tem dificuldade para entrar. Isso reforça a sensação de corrente e de estar a ser apressado pela multidão.
2026
Halsema encomendou o desenvolvimento de três cenários. Ela rejeita a ideia de continuar como está, com cada vez mais grades e agentes de fiscalização, por considerá-la "insustentável a longo prazo". Ela afirma que uma segunda opção, uma rutura drástica com o centro da cidade, é irrealista e prejudicial demais ao caráter aberto do festival.
Por isso, ela prefere um meio-termo: mais regulamentação e restrições, sem abandonar completamente o centro da cidade. "Os riscos do festival ao ar livre que acontece atualmente no centro da cidade, e que nem sempre é regulamentado, são muito grandes", escreve a burgomestre. Medidas adicionais por si só não bastam.
Em termos concretos, isso significa que partes do centro da cidade serão designadas como espaços para eventos, começando pela Westerstraat e Noordermarkt. Fora dessas zonas, o ambiente deverá ficar mais tranquilo. Visitantes de fora de Amsterdam continuarão a ser bem-vindos, mas em menor escala.
Halsema quer dar o primeiro passo antes do Dia do Rei de 2026. Investiga-se no momento a possibilidade de festivais pagos nos arredores da cidade até as 22h para evitar que os visitantes se concentrem no centro da capital. Ela também prepara uma fiscalização mais rigorosa da venda ilegal de álcool e das festas de rua.
Além disso, o posicionamento médico precisa de ser ajustado. Mais equipas de primeiros socorros em bicicletas no centro da cidade e uma melhor coordenação entre as centrais de atendimento de emergência devem reduzir a pressão sobre as ambulâncias. Os efeitos dessas medidas estão a ser avaliados pela Proteção Civil, com vistas a novos ajustes nos próximos anos.
Em janeiro, Halsema debaterá o plano de ação proposto com o concelho. Claro já está que o Dia do Rei deixou de estar garantido nos atuais modos. Halsema quer preservar a festa, mas não a qualquer custo.
Imagem de Carmelrmd, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons





